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Quatro anos depois, estaríamos a mentir se não concordássemos com o facto de que vivemos num Mundo diferente, especialmente para os cidadãos americanos que votaram a 8 de Novembro de 2016 no seu presidente: Donald Trump.
Foram 4 anos de liderança e governação controversas, com fortes posições e opiniões, tweets e ordens executivas que reformularam a América e o Mundo.
Estamos agora mesmo a menos de um mês das próximas eleições e a batalha entre Democratas e Republicanos repete-se, com Donald Trump a lutar pelo segundo mandato contra Joe Biden, o ex-vice Presidente do governo de Barack Obama.
Em termos de agenda energética, Joe Biden apresenta mudanças drásticas e arrojadas para este sector, por outro lado Trump não apresenta quaisquer objetivos, focando a sua campanha nas conquistas do seu primeiro mandato. Neste artigo tentamos abordar os pontos-chave dos dois candidatos, à semelhança do artigo publicado acerca das eleições anteriores (aqui).
TRUMP DÁ PRIORIDADE AO DOMÍNIO ENERGÉTICO
A agenda política de Donal Trump tem por base a manutenção de postos de trabalho nas indústrias de energia existentes, mais concretamente nos setores de petróleo, gás e carvão, bem como a continuação da sua estratégia do “Domínio Energético”.
No seu primeiro mandato, o governo focou-se na expansão da produção de combustíveis fósseis, no desenvolvimento de infraestruturas de midstream e no aumento da capacidade de exportação. Desta forma, os EUA atingiram o lugar cimeiro como maior produtor mundial de petróleo e gás natural.
Para o atingir, foram simplificadas 30 importantes regulamentações ambientais no seu primeiro mandato e num possível segundo mandato é esperada mais desregulamentação na procura de um caminho para aumentar a produção de petróleo, gás e carvão.
Em relação ao uso de terrenos públicos, a re-eleição poderá fortalecer o governo a manter esses terrenos na mesma condição e até concessionar zonas offshore para exploração de petróleo e de gás natural, ainda que contra a oposição local. Uma das zonas em causa e de maior sensibilidade envolve quase 648 mil hectares no Arctic National Wildlife Refuge (ANWR) no Alasca.
Quanto a alterações climáticas, o governo de Trump provou ser consideravelmente céptico e se Trump for re-eleito, o seu primeiro ato será a saída formal dos EUA do Acordo de Paris, na manhã após as eleições.
JOE BIDEN QUER TRAZER DE NOVO O FOCO PARA AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
Por outro lado, o candidato democrata comprometeu-se com o retorno imediato ao Acordo de Paris, apoiando a sua campanha energética na mudança do atual cenário e conduzindo os EUA para a neutralidade carbónica em 2050.
De acordo com a sua agenda política, Biden tem um plano a 10 anos com um investimento de 1,7 mil biliões de dólares para a geração de 5 mil biliões de dólares de riqueza no sector energético, distribuídos em 500 milhões de painéis solares, 8 milhões de telhas solares e sistemas de energia comunitários e ainda 60 mil turbinas eólicas nos próximos 5 anos.
A sua estratégia também visa a adoção de veículos elétricos, bem como a produção de hidrogénio verde com o mesmo custo do hidrogénio proveniente do gás de xisto.
A eventual eleição de Joe Biden como presidente dos EUA irá pressionar as indústrias onshore de gás e as offshore de petróleo, uma vez que a atenção passará dos combustíveis fósseis para alternativas renováveis. Sobre este assunto, Biden propõe banir novas licenças de petróleo e gás em terrenos e águas públicas.
O partido Democrata apoia o Green New Deal que planeia ampliar a transição para energia renovável, usando a receita para eliminar a pobreza. Houve recentemente alguma controvérsia à volta deste tema no debate que confrontou ambos candidatos, quando Biden declarou que não apoiava o Green New Deal e explicando que defende o seu próprio plano, o que, de acordo com o próprio, é diferente.
A EUROPA ESPECTANTE
Como sempre, as eleições dos EUA têm um grande impacto dentro e fora das suas fronteiras, mais ainda num período em que o Mundo enfrenta uma pandemia global, que segundo a OMS se estima que terá já infectado perto de 10% da população mundial, e que levou a inúmeros confinamentos resultando numa crise económica sem precedentes.
Juntando este ponto com as múltiplas disputas comerciais entre os EUA e outras grandes economias, a troca de Republicanos para Democratas poderá também trazer uma grande mudança na política externa.
No setor da energia, a re-eleição de Trump poderia evitar a conclusão do Nord Stream 2, um projeto estratégico para o reforço da Rússia no domínio da energia na Europa, projeto este que tem sido combatido pelo governo de Trump com impostos e sanções para todas as partes envolvidas no projeto. Por outro lado, se Joe Biden for eleito ainda não é claro como é que o seu governo irá lidar com este assunto específico, uma vez que a exportação de gás natural dos EUA ainda será um elemento chave e permitir que a Rússia aumente a sua presença no mercado europeu é algo que não pode ser encarado com leviandade pelos EUA. No entanto existe uma clara preocupação em amenizar a política de comércio exterior incendiada pelo seu opositor, tornando tudo mais complexo.
A eleição também será crucial para determinar os próximos passos em direção aos objetivos climáticos europeus e a forma como o Velho Continente irá lidar com as taxas de carbono fronteiriças conforme a estratégia energética Americana adotada após o dia 3 de Novembro.
Apesar de ter alcançado alguma “estabilidade” no Médio Oriente, os últimos 4 anos sob governação de Trump registaram em paralelo a ascensão de governos autoritários e revanchistas, dentro e fora da Europa, o que leva a que mais países poderão comprometer ou até desencorajar a Agenda Climática, ameaçando o Acordo de Paris sem um líder como os EUA a bordo.
OPEC TORCE POR BIDEN
Sob governação de Trump, os EUA cresceram excecionalmente e tornaram-se no maior produtor de petróleo e gás do Mundo, forçando os membros da OPEC a rever os níveis de produção e até a aliar-se com a Rússia e outros produtores de forma a reequilibrar o mercado e a estabilizar os preços.
Uma vitória para Biden afetaria diretamente a capacidade produtiva de petróleo e gás, uma vez que este prometeu aos seus apoiantes acabar com a oferta de novos contratos offshore de petróleo e gás e banir perfurações de petróleo em terras federais. De acordo com o New York Times, 250 empresas de gás e petróleo poderão entrar em falência no próximo ano devido ao COVID-19 e à quebra de procura e dos preços verificada. Uma vitória dos Democratas aumentaria a pressão sobre o setor dos combustíveis fósseis, ajudando a OPEC a restabelecer o controlo do mercado do petróleo.
É importante salientar diferença entre a reforma/redefinição do sistema energético e a alteração dos padrões de consumo de combustíveis, que, ainda que com grandes esforços por parte de Biden, faz parte de uma transição que demorará vários anos.
TERRENO COMUM
Apesar da clara diferença de estratégias e planos para o próximo mandato na Casa Branca, os candidatos ainda têm alguns interesses e prioridades em comum no setor da energia.
Ambos candidatos planeiam investir em tecnologias-chave para ajudar na transição energética e de alguma forma reduzir a emissão de GEE. Trump quer defender orçamentos mais robustos para o Departamento de Energia, para que possam investir na investigação de captura de carbono, sequestro e transporte de CO2, tecnologia que será crucial para a redução em fábricas já existentes. Mais ainda, há bastante interesse no desenvolvimento de baterias e de produção de hidrogénio verde.
No entanto, e apesar desta partilha de visões em comum, a desregulamentação do setor dos combustíveis fósseis pretendida por Trump poderá complicar um pouco mais a situação.
CONCLUSÃO
O dia 3 de Novembro marcará outra página na história dos EUA, mas também do Mundo, com dois candidatos que apresentam visões e estratégias muito opostas, mas que mostram uma forte determinação em manter as suas promessas eleitorais. Joe Biden parece liderar as sondagens e o debate presidencial do passado dia 29 de Setembro ajudou-o a consolidar o seu favoritismo. Mas a corrida só acaba ao cruzar a meta e Trump já provou a sua resiliência em ocasiões anteriores.
Indiretamente temos o nosso futuro suspenso e nas mãos dos cidadãos norte-americanos, que têm uma importante decisão a tomar. Vamos aguardar pelos resultados e esperar o melhor.
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